Quem canta seus males espanta: a voz como autoconhecimento e cura (texto 1)

O nosso "instrumento" não se resume às pregas vocais e à laringe, mas sim a todo o nosso corpo. O corpo e a voz estão totalmente conectados, indivisíveis. Prova disso é que, para executar o simples ato de cantar uma única nota, é necessário o bom funcionamento de muitas partes do nosso corpo: o ar que sai dos pulmões faz vibrar as pregas vocais, ressoa e sai em forma de canto pela boca. Tudo isso apoiado por diversos músculos abdominais, língua e músculos da face, para ser breve.

Além do fator físico do corpo, da nossa biologia, o ato de cantar carrega em si o fator sentimental: parece que as vibrações sonoras ativam nossas emoções, como se abrisse ali uma janela para a alma. É fato que a voz aliada a performance interpretativa pode provocar fortes reações emocionais no público e no próprio cantor ou cantora.

A música vem sendo amplamente usada em rituais, em todo o mundo, para alcançar estados alterados de consciência. Será que o som tem o poder de alterar o estado da matéria e promover mudanças na vida das pessoas? Talvez sim, quando cantamos possuímos o poder de transformar o ambiente ao redor, só precisamos aprender a manipular nossa voz nesta intenção. E pra isso é fundamental o autoconhecimento.

Durante as aulas de canto, o aluno aprende técnicas que irão preparar o corpo para alcançar uma melhor expressividade no canto. Mas é muito comum que, durante as práticas vocais, o estudante esbarre em 2 grandes obstáculos psicológicos e 1 físico: o medo, a não aceitação de quem se é e as tensões corporais.

Ter dificuldade em aceitar quem somos está diretamente ligado a se comparar com outros cantores e cantoras, e a não aceitar o som da nossa própria voz. Nosso timbre, a "cor" da nossa voz, é único! Não existe outra voz igual à nossa. Aceitar sua voz, gostar dela, é um passo importantíssimo para curar as feridas internas e libertar essa voz, e o corpo, para agir da melhor forma no mundo, pois ela é a nossa marca registrada, nossa identidade. Aceitar sua voz é ser mais você, se conectar de verdade com quem você é, deixando a sua contribuição original no mundo. Pense nisso. 😉

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O canto de Rita Lee

Cantando eu mando a tristeza embora: a voz como autoconhecimento e cura (texto 2)