O canto de Rita Lee

Adoro livros e filmes sobre cantores e bandas! Uso essas "ferramentas" como inspiração e aprendo muito com as histórias dos meus artistas prediletos. Em Rita Lee: uma autobiografia relembrei e celebrei a cantora roqueira dentro de mim. Quero compartilhar com vocês as histórias de Rita que mais me tocaram. Me acompanha!

Caçula de uma família de imigrantes italianos e norte americanos, paulistana, mulher pioneira no rock brasileiro, ex mutante, compositora, mãe, avó, polêmica, debochada, porra-louca, adorada  pelos fãs e "hateada" pela mídia. Assim é Rita Lee, uma mulher de carne e osso, gente como a gente, cheia de virtudes e defeitos, grande artista nacional que abriu caminho a facão nesta selva musical dominada por homens. Através da sua vida podemos aprender mais sobre a história do rock brasileiro, da MPB e do fazer música em tempos de Ditadura Militar no Brasil. A seguir, destaco 3 trechos do livro que com certeza interessam muito a nós cantores!

Começaremos pelo melhor lugar do mundo, segundo lar de todos os artistas, o Palco:
"Sim, é um clichê. Sou mais uma a dizer que o lugar onde mais me sentia em casa era no palco. Lá somos bem mais porretas do que fora dele (...) O altar do palco é viciante, o lugar mais seguro para se viver perigosamente." p. 184
Quem ama estar nos palcos levanta a mão e compartilha comigo mais sobre esse amor aqui nos comentários. 💚

Ainda na adolescência, Rita montou sua primeira banda, só de meninas, as Teenage Singers, com ela na bateria, em pleno anos 60 do século passado! Bandas femininas hoje são escassas, imagina naquela época! Estar numa banda de mulheres era um sonho pra mim, sonho este realizado em 2016 quando fui integrante do revolucionário Som das Binha e agora com o ABC do Samba. Rita mais uma vez saindo na dianteira e abrindo caminho pra gente passar (mesmo com toda a dificuldade de quem tá só começando...)
"Cantávamos bonitinho, tocando éramos um desastre, não tínhamos instrumentos próprios, ensaiávamos com emprestados e mal sabíamos mexer no volume". p. 53
Sobre o Canto, ela faz a seguinte autocrítica


"Sempre soube da minha voz fraquinha e meio desafinada, sem potência alguma. Cantar nunca foi natural pra mim (...) Para encorpar mais a voz nos discos, eu apelava para as dobras (...) Alguns amigos dizem que me autodeprecio demais. Não sei, quero crer que eles é que me amam muito. Nos registros de hotéis, no item "profissão", eu nunca escrevia "cantora" (cá pra nós, até acho meio brega) e para camuflar meu complexo de inferioridade vocal eu preenchia "compositora" e quando me sentia mais segura, "musicista". p.244
Rita diz ainda que até hoje não consegue escutar nenhuma gravação sua. Quem nunca estranhou a própria voz? Ou é muito crítico com sua performance vocal? Eu me atrevo a dizer que todos os cantores sofrem destes males em alguma medida. Quero muito saber como vocês lidam com a autocrítica e a autocobrança no dia a dia. Prometo falar mais sobre esse tema aqui no blog.

Segundo Rita, os críticos de música mantiveram um ranço com ela durante seus 50 anos de carreira, e muitos deles eram do time "pra fazer rock tem que ter culhão". Mas sua melhor resposta para os haters era sempre um disco novo! Isso aí, Rita! Sendo maravilhosa no melhor estilo Dory "continue a nadar, continue a nadar". Um hino para nossa resiliência e persistência na música, não é mesmo, mulheres?



Rita gravou mais de 30 discos, atuou com atriz diversas vezes, casou-se com o músico Roberto Carvalho, também seu grande parceiro musical, é dona de grandes hits como Ovelha Negra, Mania de você, Lança Perfume, e dos figurinos mais criativos que já vi no Brasil!  Hoje em dia a artista se aposentou dos palcos, mas segue criando e escrevendo livros.

Bom, eu curti muito essa leitura! Agora, posso pedir um favor a vocês? Me recomendem biografias de outros cantores, vou amar! Me escreve, tá? Até a próxima postagem. Beijos nos corações. 😘

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Quem canta seus males espanta: a voz como autoconhecimento e cura (texto 1)

Cantando eu mando a tristeza embora: a voz como autoconhecimento e cura (texto 2)